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  • Foto do escritorChris Vilhena

Adolescência e o cenário da escolha profissional

Numa certa ocasião um adolescente definiu essa etapa da seguinte maneira: adolescência é uma doença que acomete os pais quando os filhos tem entre 12 e 18 anos.


Do ponto de vista dos filhos, são os pais que estão na aborrecência. Não deixam de ter razão. Mais que adolescentes difíceis, há que se falar em pais desorientados. Mas a desorientação é mútua: os adolescentes tampouco sabem o que está acontecendo com eles.


Na linha (biológica) da vida, a adolescência assemelha-se mais à gravidez.


O adolescente está grávido de si e terá de parir o homem ou a mulher que carrega em seu ventre para nascer para a vida adulta. Não por acaso sente-se estranho e sofre com suas mudanças de humor, com seus estranhamentos, sem saber ao certo o que lhe acontece.


Aos pais cabe o difícil papel da parteira. Ninguém, por maior que seja o amor, poderá parir por ele. O adolescente precisa ser o protagonista de sua própria educação. Aos pais|parteiros caberá a importante missão de assisti-lo e apoiá-lo para que se sinta, sobretudo, protegido.


Nessa auto-gestação um boom acontece, simultaneamente, em diferentes planos. No biológico, o corpo cresce à revelia e os hormônios fazem uma grande bagunça. Intelectualmente, a abstração ganha “corpo” e o exercício do pensar, sem a necessidade de referência no concreto, percorre caminhos mais longos porque ganha autonomia de voo. No plano volitivo, da vontade, a “tal liberdade” é descoberta e reivindicada.


Dois mundos, incrivelmente interessantes, descortinam-se. Exteriormente, os espaços geográfico, político, econômico, cultural e social começam a ser explorados física e intelectualmente. Internamente, descobre-se a intimidade. Há um universo particular que se constitui no ato mesmo em que começa a ser percorrido.


É, portanto, deste mundo de vastas emoções e pensamentos imperfeitos que o adolescente responde. Responde sobre sua percepção de mundo, de si e daquilo que quer vir a ser. Há sempre um porvir. E é nesse momento rico e turbulento da existência que o jovem é convocado a fazer aquela que será, talvez, sua “oficial” primeira grande escolha: a escolha da profissão.


Nesse cenário complexo e volátil é importante ajuda-lo a espiar para dentro. O auto-conhecimento, a organização das ideias e percepções acerca de si e de seu entorno apresentam-se como a grande base sobre a qual vai erguer sua vida profissional. É por isso que o processo de Orientação Vocacional acaba cumprindo uma dupla função: ao mesmo tempo em que ajuda o jovem a definir sua ocupação profissional o faz refletir, mergulhar em seu mundo particular para dali começar a desenhar o seu futuro. Ainda que seja um esboço, esse ponto futuro pode funcionar como um norte provedor de foco e direção. Sobretudo, de sentido.

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